quarta-feira, 21 de maio de 2008

Quando eu nasci

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava,
Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais…

Somente, esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém…

P’ra que o dia fosse enorme,
bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe…

José Régio

Talvez no dia em que se morre se possa fazer uma analogia a este poema, no dia da morte do meu pai nada houve de novo senão a sua morte.

TG

2 comentários:

Anónimo disse...

A morte chega cedo,
Pois breve é toda vida
O instante é o arremedo
De uma coisa perdida.

O amor foi começado,
O ideal não acabou,
E quem tenha alcançado
Não sabe o que alcançou.

E a tudo isto a morte
Risca por não estar certo
No caderno da sorte
Que Deus deixou aberto.

Fernando Pessoa

GTL disse...

mdb
é um poema adequado :o)
adoro-te

TG