Greve dos Professores!

Eu, se a minha mãe não fosse professora, teria sido professora!

Gosto de ensinar, explicar, ajudar, mostrar maneiras de ver as coisas :o)
Assim, como vi e senti os dias da minha mãe como professora primária, não quis essa vida para mim!

Considerando a paciência que tenho, acho que os alunos da instrução primária são muito novos, os do ciclo são pré-adolescentes e os da secundária, pior ainda, são adolescentes.

Toda a minha a vida fui à escola, desde uns meses de idade, como acompanhante e aos cinco anos comecei a minha vida de estudante.
Nessa altura adorava a escola, brincava com as alunas da minha mãe.

Adorava assistir aos primeiros dias de aulas da 1ª Classe, havia meninos de todos os géneros:
- os que tinham medo e que não queriam que as mães os deixassem e choravam baba e ranho;
- os que iam com roupa a estrear e com a mala, os cadernos e os lápis novos, todos orgulhosos;
- os que repetiam a classe;
- os tímidos;
- os queixinhas;
- os reguilas, etc.

Quando podia ajudava a minha mãe, a preparar cartões com as letras, a tirar cópias no marmelógrafo, a preparar as prendas para o dia da mãe e a servir de cobaia da minha mãe... era muito giro!
(ainda alguém sabe o que é um marmelógrafo?)

Mas, aturar crianças e a ainda por cima pais, avós, tios, etc., não era nada que lhe gabava!

No meio das turmas havia algumas crianças com dificuldades de aprendizagem, outras mal educadas, com falta de aseio, outras pobres, e outras ainda vestidas com roupas de marca mas cujos pais iam preencher os papéis para ter o livros pagos pela escola e o lanche para os meninos…

A bem da verdade havia crianças realmente interessadas em aprender e que queriam brincar, filhos de pais interessados pela escola (pais que iam à reunião de turma da escola para saber como iam os estudos dos filhos e não para tratar de outros assuntos).

Hoje em dia já está reformada, felizmente conseguiu antes do aumento da idade da reforma!

Ao longo destes anos todos a relação das crianças e dos pais tinham com os professores foi mudando, tudo mudou os professores os pais e as crianças. Nem todas as mudanças foram para melhor.

As crianças são mais sabidas, já viram mais coisas, já sabem mais coisas, custam mais a se fixar em qualquer coisa.

As famílias hoje em dia querem que a escola (ATL’s, explicadores, centros de dia, etc.) as substitua na educação a dar às suas crianças.
Querem que a “escola” e que lhes dê afecto, ensine a partilha, a serem compreensivos, ensine valores morais, lhes dê conhecimento científico, enfim que ocupe as suas crianças durante o dia de tal modo que quando todos voltarem para casa depois de um dia cansativo de trabalhos os meninos se portem bem, comam e vão dormir.

Do lado dos professores, os mais novos levam umas ensaboadelas enquanto estão a tirar o curso, curso este recheado de cadeiras pedagógicas que supostamente ensinam os futuros professores a cativar a atenção dos meninos e a não impor a disciplina pela força (e entenda-se que não se fala de força física, mas de rigor), a serem assertivos e a terem calma com os alunos.

Eu conheço alguns professores que acabaram o curso há uns 3 anos e não têm colocação, nem longe, nem perto de casa. Conheço outros, uns dois anos mais novos que a minha mãe, que têm de gramar a escola mais uns 4 anos e cuja idade já não os permite impor respeito dentro de uma sala de aula, servindo apenas de chacota para os respectivos alunos (já nem têm a paciência de há uns anos atrás).

Aparecem nas notícias, casos de professores agredidos por alunos ou por pais de alunos.

Vai ser feita a revisão da carreira docente,onde as promoções ficarão dependentes da avaliação dos professores. (avaliação esta, curiosamente, também feita pelos pais dos meninos!)

Os programas escolares parecem que nunca param de alterar… e o que se achava bem há uns anos já não se acha bem agora.

Andou-se a criar as escolas do centenário por todo o país para agora se concentrarem todas as crianças em turmas vinte e tal alunos.

Talvez por isso ontem e hoje tenha sido dia de greve dos professores em que parece ter havido unanimidade nos n sindicatos que eles têm!

Quando eu era criança ser professor era ser respeitado, agora é só mais uma profissão.

Eu preferia que o professor voltasse a ser respeitado!

TG